ATA DA QUADRAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 06.09.1988.

 


Aos seis dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Terceira Sessão Solene da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a homenagear os duzentos e quinze anos da Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e cinqüenta e sete minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Dr. Alceu Collares, Prefeito Municipal de Porto Alegre; Jorn. Firmino Cardoso, representando, neste ato, a ARI – Associação Rio-Grandense de Imprensa; Sra. Maria Helena Craidy, Diretora do Diário do Sul, representando, neste ato, o Presidente Helio Gama; Vera. Gladis Mantelli, 1ª. Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre. Ainda, estavam presentes na extensão da Mesa os seguintes ex-Presidentes do Legislativo Porto-Alegrense: Sereno Chaise; Adaury Pinto Filippi; Ephraim Pinheiro Cabral; Alberto André; Célio Marques Fernandes; Renato Souza; Cleom Guatimozim; Valdir Fraga; André Forster. Em continuidade, foi concedida a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ver. Brochado da Rocha fez pronunciamento alusivo aos duzentos e quinze anos da Câmara Municipal de Porto Alegre, discorrendo sobre a importância deste Legislativo enquanto órgão representativo da nossa comunidade, ressaltando a fraternidade partidária sempre observada como marca referencial dos trabalhos desta Casa. A Verª. Jussara Cony, em nome das Bancadas do PC do B e do PSDB, saudou os ex-Presidentes deste Legislativo, presentes no Plenário. Disse que a história desta Casa se confunde com a própria história de Porto Alegre e dentro desse contexto deve ser compreendida. Discorreu acerca das contradições existentes no processo político brasileiro, dizendo que ao Legislativo cabe lutar pela democracia e pelas instituições do País e salientando a necessidade da elaboração das Cartas Municipais pelas Câmaras de Vereadores. O Ver. Raul Casa, em nome da Bancada do PFL, discorreu sobre a necessidade do ser humano manter-se fiel a seus princípios, mesmo em épocas contraditórias, declarando imperar nesta Casa uma tradição de coerência e de busca do ideal de democracia e fraternidade consciente e progressista. O Ver. Clóvis Brum, em nome da Bancada do PMDB, teceu comentários sobre a contribuição marcante dada pela Câmara Municipal de Porto Alegre e por seus integrantes ao desenvolvimento da Cidade e do Estado, registrando a presença, hoje, no Plenário, de diversos ex-Presidentes da Casa. O ver. Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PCB, destacou sua honra por participar da presente solenidade, dizendo que, apesar do papel glorioso que este Legislativo teve no passado de Porto Alegre, sua preocupação volta-se para o futuro, tendo em vista as modificações na administração municipal que deverão ocorrer com a promulgação da nova Constituição Brasileira. Atentou para a necessidade de uma reavaliação do País e da busca, pela Casa, de uma fórmula eficaz de atendimento às populações mais carentes do Município. O Ver. Hermes Dutra, em nome da Bancada do PDS, salientou que a próxima Legislatura deverá ser responsável pela feitura da Constituição Municipal. Comentou a importância do voto direto, secreto e universal como o mecanismo democrático mais justo de participação popular. O Ver. Jorge Goularte, em nome da Bancada do PL, lembrou momentos vividos com ex-Presidentes desta Casa, discorrendo acerca de situações políticas difíceis já enfrentadas pelo Legislativo de Porto Alegre. Enfatizou que apesar das divergências políticas, sempre houve um convívio ameno entre os pares desta Câmara. E o Ver. Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, analisou a atuação da Casa como instituição democrática, dizendo que enquanto as Câmaras Legislativas funcionarem, a democracia e a liberdade conseguirão marcar presença na vida do País. Ao finalizar, disse do papel importante representado pela Câmara, como instrumento de fiscalização econômico-administrativa do Município. A seguir o Ver. Brochado da Rocha procedeu à entrega de um Cartão de Prata aos ex-Presidentes desta Casa, Senhores Sereno Chaise, Adaury Pinto Filippi, Ephraim Pinheiro Cabral, Alberto André, Célio Marques Fernandes, Renato Souza, Cleom Guatimozim, Valdir Fraga e André Forster, como homenagem àqueles que presidiram a Casa, contribuindo para o seu fortalecimento autônomo na condução dos ideais democráticos. Em continuidade, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao ex-Vereador Adaury Pinto Filippi que, em nome dos ex-Presidentes deste Legislativo, agradeceu a presente homenagem, dizendo que esta Casa é uma continuação dos homens que aqui trabalham. Após, a Verª. Gladis Mantelli comentou a reabertura do Salão de Artes Plásticas da Câmara Municipal e o lançamento do 8° Salão de Artes Plásticas deste Legislativo, a ser realizado de vinte e cinco de setembro e vinte e três de outubro do corrente ano, destinado a estimular a vida artística e a revelar novos valores da nossa cultura. A seguir, o Sr. Presidente fez pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, levantou os trabalhos às dezessete horas e quarenta minutos, convocando os Senhores Vereadores para o Sessão Ordinária da próxima quinta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Brochado da Rocha e  secretariados pela Verª Gladis Mantelli.  Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, passo a palavra ao Sr. Assessor de Relações Públicas para dar início à solenidade.

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: a Câmara Municipal de Porto Alegre completa, hoje, 215 anos de existência como Poder Legislativo. A data assinala o registro da primeira Ata feita depois de sua mudança de Viamão para Porto Alegre, a seis de setembro de 1773, representando, na época, toda a população do Continente do Rio Grande de São Pedro. Para saudar o evento, fará uso da palavra, neste momento, o Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Brochado da Rocha.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Componentes da Mesa, senhores ex-Presidentes da Casa, senhores Vereadores, senhoras, senhores, funcionários desta Casa. Cremos que, em se tratando de uma passagem de um aniversário a mais da Câmara Municipal de Porto Alegre, era nosso dever, em se tratando do último ano desta Legislatura em que esta Câmara conseguiu um lugar desde a sua fundação, conseguiu um espaço na cidade de Porto Alegre, espaço solitário, espaço da Câmara Municipal de Porto Alegre, convidarmos a se fazer presentes a esta Casa, como homenageados, é verdade, mas trazendo o seu patrimônio de homens públicos, os ex-Presidentes, e sobretudo marcando uma nova vida, uma nova etapa para esta Casa. Por aqui transcorreram eventos os mais diversos, daqui saíram prefeitos, deputados, enfim, dos mais diversos horizontes, mas sobretudo aqui e agora comemorando o 215° aniversário desta Câmara, nós teremos que reafirmar quanto Câmara e enquanto Câmara, de vez que a Câmara é composta por 9 Bancadas, por 9 Partidos, numa demonstração eloqüente da grandeza, da dimensão política dos porto-alegrenses. Nós entendemos que este ato, antes de ser um ato meramente participativo e de aniversário, solene, deveria ser um ato político, onde a fraternidade partidária fosse uma marca e onde houvesse, sobretudo, um selo de responsabilidade, uma marca de responsabilidade entre aqueles que foram e aqueles que serão com os que são, deixando bem claro que esta Casa não é para ser usada, e sim para prestar serviços à comunidade. Sei que através dos anos, por vários motivos esta Casa foi muito atacada e os Senhores que já dirigiram esta Casa sabem, ela também o é no presente;  talvez o alvo preferido dos fascistas. Aqui começa a democracia, mas aqui é o primeiro lugar em que a democracia se fecha. Por isso, conscientes disso, rigorosamente sabedores desta consciência, identificamos perfeitamente não hoje, mas no decorrer da história – onde estão as forças democráticas e onde estão as forças fascistas na medida em que elas avançam, fluem e refluem sobre esta Casa como Legislativo, e aos Legislativos em geral. Por isso não irei me alongar, porque é uma tradição da Casa que ela possa se fazer ouvir pelas suas Bancadas. Para tanto, ouviremos, logo a seguir, os representantes das Bancadas.   

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Em nome da Câmara Municipal. Farão uso da palavra os Vereadores Jussara Cony, Raul Casa, Clóvis Brum, Lauro Hagemann, Hermes Dutra, Jorge Goularte e Elói Guimarães.

A seguir, com a palavra, a Verª. Jussara Cony, que falará em nome do PC do B e do PSDB.

 

A SRA. JUSSARA CONY: Ver. Brochado da Rocha, Presidente deste Legislativo, Srs. Colegas Vereadores, ex-Presidentes, permitam-me homenageá-los nas pessoas dos Vereadores Valdir Fraga, André Forster e do nosso atual Presidente Ver. Brochado da Rocha, com o qual convivemos nesta atual Legislatura e com os quais tivemos e temos diferenças no plano ideológico, mas com os quais forjamos, nesta Casa, em vários momentos, a unidade política necessária na luta por democracia e por liberdade. Honra-nos assumir esta tribuna em nome também do Ver. Caio Lustosa e seu Partido, o PSDB que, por compromissos inadiáveis, não se pode fazer representar pessoalmente.

Não há dúvidas Senhores, Senhoras, que a história desta Câmara Municipal se confunde com a história da nossa Cidade. E desejamos, no espaço que nos cabe como Liderança do Partido Comunista do Brasil nesta Casa, situa-la no mais recente contexto da nossa Cidade e do nosso País. País que vive a sua maior crise, não apenas econômica e financeira, mas, fundamentalmente política, social e moral; País que reclama objetivamente mudanças de fundo na sua estrutura econômica e na superestrutura política; País onde se aprofunda a clara contradição entre a maioria da Nação que quer e precisa progredir, e as forças do conservadorismo e da exploração estrangeira, que freiam o avanço da sociedade, contradição que também se expressa, aqui nesta Casa, o Brasil de uma encruzilhada histórica e é neste contexto que situamos esse Poder Legislativo e o papel histórico que tem desempenhado e, por certo, desempenhará no processo das conquistas do avanço e do progresso. É a Câmara Municipal, que em nível do nosso País e assim afirmamos com a responsabilidade da Executiva Nacional da União dos Vereadores do Brasil, é a Câmara que, a nível deste País na atual etapa do processo histórico, esteve ao lado das forças democráticas pela derrubada do regime militar na campanha que reuniu milhões nas ruas, a campanha das Diretas Já; é a Câmara que esteve, em primeira instância, aposta pela soberania da Assembléia Nacional Constituinte e pela conquista de uma Constituição moderna, progressista, democrática; a que primeiro firmou seu compromisso pela garantia de eleições municipais em 1933 e pela garantia do direito do cidadão brasileiro de eleger também o seu Presidente da República, repudiando a tese de prorrogação de mandato de prefeitos e Vereadores, propostas pelas forças retrógradas, mais um casuísmo dos detentores do poder; é a Câmara que, por certo, jogará decisivo papel do direito conquistado pelos Vereadores de todo o País e por sua entidade máxima a União dos Vereadores do Brasil de que todas as Câmaras Municipais possam elaborar as suas leis orgânicas, as Constituintes Municipais, oportunizando, por certo, o direito da participação popular, para que conquistemos leis orgânicas municipais, democráticas e representativas da sociedade; é a Câmara Municipal que, por certo, jogará importante papel político na elaboração da Constituição Estadual com o firme compromisso de torná-la mais próxima dos direitos de cidadania e da conquista da democracia; é a Câmara Municipal que na atual Legislatura, como frisou muito bem o ex-Presidente desta Casa Colega André Forster, empossou o primeiro Prefeito e o primeiro Vice-Prefeito, após o regime de arbítrio. Sem dúvida, Senhores, esta é uma rápida análise dos anos mais recentes deste Legislativo de 215 anos que, com certeza, é uma história que se confunde com a nossa Cidade e com a história do povo de Porto Alegre; Câmara que não se dobrou com as cassações que sofreu dos eleitos pelo seu povo – que tiveram seus mandatos arrancados pela prepotência dos detentores do poder e seus mandatos arrancados pela força. Glênio Peres, perda irreparável para a Cidade de Porto Alegre e Marcos Klasmann; uma Câmara que tem em seus funcionários o esteio maior para desempenhar o seu papel, o seu compromisso com os cidadãos de Porto Alegre.

Senhores, Senhoras, Colegas, Presidência, no momento em que estamos em plena efervescência política de eleições municipais, o nosso partido, o Partido Comunista do Brasil, delas participa com o objetivo maior de elevar a consciência política de nosso povo, de forjar sua organização e construir a unidade popular, onde pretendemos, sim, através da resposta do povo, conquistar mandatos a serviço da luta popular e das transformações políticas, econômicas e sociais. Por certo esse Poder Legislativo, instância de poder mais próximo do cidadão de Porto Alegre, há que garantir sua inserção nas lutas concretas, onde possamos retomar as prerrogativas arrancadas dos Legislativos brasileiros pela força do regime militar, conquistar outras que o momento histórico assim exige como fator de democratização de decisões e da descentralização do poder, processos fundamentais e decisivos na conquista democrática. Nesse momento em que a Câmara completa 215 anos, Câmara que detém, como bem frisou o nosso Presidente, Ver. Brochado da Rocha, o maior número de bancadas do País, fator essencial para o processo da própria democracia, por certo, uma conquista de um número de mandatos significativo comprometidos com a luta popular, firmará ainda mais seu compromisso com os direitos de cidadania, com a democracia, com a liberdade, com a independência nacional, independência que deve ser, mais do que nunca, questionada ‘as vésperas de um 7 de setembro, com um País submisso ao Fundo Monetário Internacional, ao capital financeiro que causa, entre outras coisas, como o latifúndio, o militarismo e o sistema retrógrado de governo, a crise a que fomos submetidos.

Senhores e Senhoras, Mário Quintana, em seu momento mais feliz, no nosso entendimento, sobre Porto Alegre, nos diz: “Há uma rua encantada que nem um sonho sonhei” .

A nós, Mário Quintana remete que aos 215 anos essa Câmara possa resgatar, como tem feito, em sua história, o compromisso de uma Porto Alegre com os direitos de cidadania, não da Porto Alegre das necessárias e justas ocupações, mas a Porto Alegre do direito de morar. Não a Porto Alegre por força das circunstâncias dos transportes coletivos mais caro do País, mas a Porto Alegre de um sistema estatal do transporte coletivo. Não a Porto Alegre da especulação imobiliária, do direito de minorias exploradoras, mas a Porto Alegre dos parques a ela destinados pelo seu Plano Diretor para o lazer e a qualidade de vida de todo o seu povo. Não a Porto Alegre do mais alto custo de vida e do desemprego, mas a Porto Alegre, sim, dos direitos de cidadania.

Uma Câmara Municipal comprometida com uma Porto Alegre com ruas encantadas que temos que começar a sonhar, as ruas de uma nova sociedade, sem exploração e sem opressão, as ruas de uma sociedade socialista.

Esse, os 215 anos, da história de luta e de compromisso popular dessa Câmara Municipal, é o compromisso do Partido Comunista do Brasil, em nível do mandato, mas comprometido em todo os momentos com os princípios do nosso partido, que detemos nesta Casa Municipal. Muito obrigada.    

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: A seguir, com a palavra o Ver. Raul Casa, que falará em nome do PFL.

 

O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente, Ver. Brochado da Rocha, mui digno Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, prezado amigo, Prefeito Alceu Collares, ilustres e queridos ex-Presidentes desta Casa Legislativa. Há no Museu de Londres um quadro famoso, que a mesma figura do quadro é retratada em três posições: de um lado, a figura está vociferando, de outro lado a figura está inconformada; e no meio, essa mesma figura está serena, tranqüila e impassível. De certa forma, nós como legisladores, devemo-nos espelhar, nos mirar, neste contraditório. Em tudo há o contraditório. Em todas as situações existem os interesses colidindo, mas nós devemos permanecer fiéis a nós mesmos, aos nossos princípios, às nossas idéias, independente do que aquelas duas figuras estão a dizer.

Esta Casa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs. Ex-Presidentes, Sr. Prefeito; ilustres convidados, que é o verdadeiro berço da Revolução Farroupilha, eis que o homem que maior influência exerceu na personalidade de Bento Gonçalves, o seu pai, foi um Vereador que ocupava esta mesma tribuna, em outra época, com outras indumentárias e com outro mobiliário, tem uma tradição que muito nos orgulha.

O fato de sermos, termos sido ou deixarmos de ser membros deste Poder, é uma honra que se levará para todo o sempre, como um galhardão. A Bancada que represento nesta Casa, do PFL, que sempre teve como objetivo e como meta tratar os assuntos da Cidade independente da coloração política de quem exerce o poder Executivo, eis que o simples fato de se participar de uma discussão, de um Projeto e, depois, de forma mesquinha se retirar para não aprovar, ou aprovar um Projeto, dá, a quem participa desta Casa, a responsabilidade da decisão. Nós nunca fizemos e não pretendemos fazer desta tribuna o corte na honra alheia, na insinuação maldosa para alimentar uma Democracia antípoda daquela que nós pregamos, cristã, fraterna, progressista, humana e consciente. Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiros, ilustre Prefeito, ao ensejo das comemorações dos 215 anos desta Casa, nesta hora de efervescência, ebulição política sentimo-nos felizes, honrados por termos participado de um processo democrático difícil, laborioso em que se colocou dentro da nossa ótica dos interesses maiores da nossa Cidade. Por isso, continuaremos a pregar aquilo que nós entendemos como democracia. Uma democracia que tenha por alicerce a justiça. Que seja edificada com liberdade e que seja praticada com a verdadeira fé, fé cristã, fé nos destinos dos homens e fé no futuro grandioso que esta Cidade terá. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Falará, agora, o Ver. Clóvis Brum pelo PMDB.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente da Câmara Municipal, Ver. Brochado da Rocha, Sr. Prefeito Municipal Alceu Collares, ex-Presidentes, autoridades aqui presentes, funcionários, imprensa, meus senhores e minhas senhoras.

Quando nós subimos para o palco da existência humana a nossa vida data já de 1988. Entretanto, Sr. Presidente, esta Casa existe há mais de dois séculos. Portanto, a existência da Câmara de Porto Alegre, o seu passado, o seu presente e o seu futuro, rigorosamente, não fomos nós que os constituímos, mas foi um legado de homens que, ao longo destes dois séculos, legitimamente eleitos pelo povo, aqui estiveram, no trabalho em prol da comunidade, na defesa dos seus ideais e na luta pela liberdade. Foram 215 anos de dedicação, de trabalho. E eu diria mais; aqueles que tiveram a oportunidade de ler a história desta Casa, a participação dos seus Vereadores, desde seus fundadores até há pouco tempo, por certo, notaram e observaram a contribuição marcante dos Edis de Porto Alegre, ao desenvolvimento da Capital e do Estado. Gostaria, Sr. Presidente, neste momento, de marcar, de assinalar, talvez, numa oportunidade ímpar, num momento importante de minha vida, a presença de tão ilustres Vereadores, ex-Presidentes desta Casa, com alguns dos quais eu pude conviver um pouco aqui na Câmara e aprender muito. Valdir Fraga, Adaury Filippi, Giácomo, Diretor-Geral, o conselheiro e amigo Sereno Chaise, Cleom Guatimozim, André Forster e , agora, o Ver. Brochado da Rocha. Nestes eu transmito aos demais ex-Presidentes, ao Ver. Ephraim, ao Ver. Célio Marques, ao Ver. André, ao nosso ex-Vereador-Presidente, a todos que deram a sua contribuição, não só como o presidente Administrativo da Casa, mas o Presidente político, aquele que dirige o Legislativo, aquele que, eu diria, nos conflitos mais marcantes dos momentos políticos por que viveu o País, souberam conduzir esta Casa tal qual os pássaros que se orientam no meio das tempestades. Foram todos eles modelos, exemplo e vida e continuarão ao nosso lado por longos anos, a nos dar um pouquinho daquilo que, ao longo da sua vida pública, colheram e que haverá de nos orientar. Sr. Presidente, andou certo o Ver. André Forster, quando abordou as críticas que o Legislativo recebe. E é verdade. Talvez as críticas sejam as mais divulgadas. A realização, o que faz esta Casa, desde a análise, vírgula por vírgula, artigo por artigo do mais simples convênio que o Executivo nos envie, ao mais delicado Projeto que transforma a vida desta Cidade, a análise do Relator, das Comissões Técnicas, o estudo de uma gama de projetos que talvez nem a cidade nem a imprensa tenham a nítida consciência do que significa o estudo e a aprovação destas matérias, isto não é divulgado. Afora isto, Srs. Vereadores, os inúmeros problemas que são trazidos ao silêncio dos gabinetes dos Vereadores. O Vereador que se transforma de legislador, daquele homem dedicado à criação da Lei do Município, ao assistente social. Este é o dia a dia do Vereador e o dia a dia desta Casa, que se reúne de segundas às sextas-feiras. Mas não fomos nós que criamos estas reuniões, foram os mais antigos, e temos que seguir, porque se estiver errada a idéia das reuniões semanais, e do trabalho em benefício da coletividade, por certo esta Casa não estaria festejando 215 anos de existência, de vida. No dia 6 de setembro, segundo a história escrita recentemente sobre a vida do Legislativo, antes mesmo da Queda da Bastilha, e antes mesmo da Guerra da Independência dos Estados Unidos, e isso quer dizer que esta Casa tem uma história, tem vida, tem passado. E quando a gente vê uma gama de homens da dedicação, do trabalho, da estirpe desses homens que estão sentados aqui à frente, sentados, quando a gente já cansados, quase desanimados de tanto trabalho, de tanta luta, de tanta política, vê esses homens, num sinal de que são eles os timoneiros, foram eles os timoneiros, e continuam sendo os timoneiros deste imensa navio que é a nossa cidade, nós continuaremos o nosso trabalho, continuaremos imitando o trabalho deles, o que eles foram, o que eles representaram, e o que eles representam, pois a existência desta Casa, tais benções, nós as recebemos dos nossos antepassados, e queremos transmitir a esta Casa,. Tão engrandecida, tão fortalecida, tão democrática, como a recebemos, das mãos dessa plêiade de homens que aqui honra com sua presença: Vereador Alceu Collares, havia-me esquecido, tão bom vereador, Alceu Collares, que, até hoje, guardo uma foto, quando fomos ao aeroporto esperar um companheiro em comum, cujo nome não vou declinar, mas podem ter certeza V.Exas., nós aprendemos a cada dia que passa e a presença, só a presença dos senhores, dos ex-Presidentes, neste ato de hoje, já foi uma bela e inesquecível lição. Guardamos o semblante de cada um de todos os senhores que estão sentados na condição de ex-Presidente e de colegas Vereadores porque este momento é muito importante na nossa vida, ele assinala a passagem da existência de uma Casa à qual estamos integrados exatamente há uma década. E gostaríamos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, de continuar nesta Casa por mais tempo, prestando o nosso trabalho e contando com a presença dos senhores sempre que possível. Sou grato. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, falando em nome do PCB.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Prezado Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal; prezado Ver. E Prefeito Alceu Collares, Srs. Vereadores, Srs. Ex-Presidentes desta Casa, Vereadores, com muitos dos quais tive a honra de conviver em épocas recentes e mais recuadas.

Srs. Vereadores, Srs. Convidados, me é muito honroso falar neste ato comemorativo do 215 aniversário da Câmara Municipal de Porto Alegre em nome da Bancada do Partido Comunista Brasileiro que, pela primeira vez nesta Casa, tem a sua representação formalizada.

Estamos hoje comemorando os 215 anos desta Casa, um passado que enobrece a cidadania porto-alegrense. Não podemo-nos esquecer do papel que esta Casa vem desempenhando ao longo desse tempo. Mas o que me preocupa não é o passado glorioso desta Casa, sim agora, o futuro desta Casa como representante desta Cidade que ingressa num novo momento da vida nacional, como todo o País. Este Futuro é que deve nos preocupar a todos, porque a próxima Casa será eleita a 15 de novembro, terá um papel muito importante a desempenhar na nova história da cidadania porto-alegrense como núcleo, como célula menor do todo nacional. E a partir desta constatação é que devemos olhar com muita preocupação para esta nova sociedade, uma sociedade em que será absolutamente imperioso romper com a lógica absurda de que a maioria deve ser submissa a uma minoria conservadora e dirigente. É preciso se inverter a inflexão desse eixo político.

É preciso que as maiorias desvalidas desta Cidade tenham vez e voz no concerto da administração municipal, não para determinar seus rumos em última instância, porque senão estaríamos passando por cima da autoridade moral dos 215 anos de uma Câmara Municipal, mas para que esta população, através de sua representação mais autêntica, cuja fórmula deveremos encontrar, possa vir dizer o que deseja, como e por que deseja e nós vamos ter que ter esta sensibilidade de atender esta população. Não vamos resolver o problema da Cidade, mas temos a obrigação de minorá-la, de minorar as agruras da população. Por isto, senhores, a brevidade deste ato não comporta uma análise sociológica, política mais aprofundada.

É salutar vermos hoje, aqui, a presença dos ex-Presidentes da Casa, e cada um a seu turno, contribuiu para que a Câmara Municipal de Porto Alegre fosse o que é, no conceito dos parlamentares brasileiros, e nós temos que assumir a responsabilidade de, ainda no final de mandato que nos resta, e se porventura formos reduzidos a esta Casa, assumirmos a responsabilidade pelo que vem pela frente, porque há necessidade  deste País se reestudar, se realinhar, caminhar para um outro tipo de sociedade que não esta em que pequeno número de dirigentes, das classes dirigentes, atua e submete a maioria da população aos seus desígnios. Isto é o que Porto Alegre espera de nós. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra o Ver. Hermes Dutra, pelo PDS.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente da Casa, Ver. Brochado da Rocha; prezado Prefeito Alceu Collares que, aliás, não sei por que não foi presidente da Casa – qualidades é que não lhe faltam, talvez o fato de tempo, pois era um Vereador extremamente operoso, prezados ex-Presidente da Casa, Ver. Valdir Fraga, Dr. Renato Souza, Alberto André, Adaury Filippi, Sereno Chaise, Ephraim Pinheiro Cabral, saudável, forte, Dr. Célio Marques Fernandes, Ver. Cleom Guatimozim, Ver. André Forster, demais Vereadores; meu querido Valdir Fraga, que senta no canto, aqui, e faz com que não haja uma inversão, em relação à direita, para não trazer problemas às bancadas de esquerda, na Casa, que também dirigiu esta Casa com grande empenho e muito bons resultados, demais Srs. Vereadores. Eu acho que os 215 anos da Casa se prestam para tudo o que foi dito aqui, mas também não é demais que se estendam um pouco além do que foi dito aqui. Os discursos obviamente que são conduzidos pelo fervor ideológico que está entranhado dentro de cada um. Agora há questões que não há fervorismo ideológico que justifique, É bem verdade que novos tempos vêm pela frente. A próxima Legislatura vai fazer a Constituição Municipal, a Lei Orgânica do Município, vai refazê-la porque felizmente o Rio Grande do Sul é o único Estado em cujos Municípios tem Lei Orgânica. Mas não é menos verdade e talvez mais importante ainda dizer e fazer uma profissão de fé que por mais invenções que venham pela frente, por mais mecanismos que se criem de participação, não há mecanismo melhor, mais justo, mais democrático do que aquele que nos trouxe para cá: o voto direto, secreto, universal. Alguém poderá objetar que o povo eventualmente não escolhe bem. É verdade! A história, para os que são agnósticos, a Bíblia para aqueles como nós que não somos agnósticos, diz que a multidão chamada para opinar entre a morte de Cristo e de um ladrão, preferiu a morte de Jesus Cristo e salvar a vida de um ladrão. Então, ela também escolhe mal. Mas esta eventual escolha mal não pode servir, em hipótese alguma, para que se deixe que se inicie qualquer alusão contra este tipo de participação que é o mais direito, é o melhor que se inventou até hoje. Então, essa profissão de fé no voto popular, faço por convicção e por obrigação, e por reconhecimento naqueles que votaram em mim, porque se assim não o fizer, creio, na minha concepção, estar traindo até mesmo a intenção daqueles que confiaram no meu nome. Esta Casa, ao longo desses 215 anos, não foi senão representação autêntica da sociedade; acertou e errou, porque é composta por seres humanos. Os erros, quando reconhecidos, cedo ou tarde foram corrigidos. Muitos, nem tiveram tempo de sê-lo, mas a Casa sempre faz o acerto ou o erro convicta de que estava fazendo o melhor, como certamente o fizeram aqueles, há 2000 anos. O Poder Legislativo é o chamado poder desarmado e, como tal, sujeito a tudo quanto é solavanco da História; não há amortecedor que consiga diminuir essas descidas e subidas que se dão ao longo da caminhada da humanidade pelo Poder Legislativo, notadamente, numa sociedade com as suas idiossincrasias, com as suas desigualdades, como a nossa, que se reflete aqui, porque isto aqui é a expressão da sociedade. Se pegássemos Porto Alegre e pudéssemos colocá-la num espremedor, o suco que sairia seria a Câmara Municipal. Não há outra definição para esta Casa. E é importante que neste dia de festa se registrem estas coisas. O Poder Legislativo – dizia – é um poder desarmado e sujeito a lanças, flechas, tiros, de todos os lados, uns até bem-intencionados, outros tantos – talvez a maioria – mal-intencionados. Mas, o Poder sobrevive e chega-se, muitas vezes, até mesmo a se questionar a existência do Poder, em função de erros, que podem ser de um, podem ser de alguns, ou podem ser até mesmo do próprio Legislativo que, por ser composto de homens, não é imune a erros e muitas vezes essas críticas, bem-intencionadas umas mal-intencionadas outras servem para desestabilizá-lo. Lembro que há uns 3 ou 4 anos era presidente da OAB Nacional nosso ilustre Constituinte Bernardo Cabral e se estabelecia uma polêmica nacional sobre o salário dos legisladores. De Norte a Sul se palpitava a torto e a direito e os microfones abertos e nós quase que éramos encurralados num canto como se vilões fôssemos e culpados por todos os males e azares dessa sociedade e o Dr. Bernardo Cabral escreveu um artigo na Revista Veja que guardei a última frase e que acho oportuníssimo repeti-la para que os Anais a guardem. Dizia o Dr. Bernardo Cabral que antes de tentarmos saber quanto custa um Legislativo, o mais importante é saber o quanto custaria a não-existência do Legislativo e esta é uma questão que a sociedade tem de discutir, mas que, lamentavelmente, não discute. Talvez porque não dê a facilidade da notícia. Talvez. Mas esta discussão tinha que ser estabelecida. Pode até ser caro, mas não seria muito mais caro se não existisse? São pontos de reflexões que acho oportuno nesta festa dos 215 anos, até, porque, quem sabe, daqui a 50 ou 100 anos se inventarem um sistema melhor do que a democracia representativa, pode ser que inventem, quem sabe alguém lendo os Anais desta Casa há de até rir, mas é efetivamente o que de melhor tínhamos para vivenciar a participação popular nas decisões da sua Cidade, do seu Estado, de seu País.

Eu fiquei muito feliz em ver aqui os ex-presidentes, quase todos já os conhecia pessoalmente e acho que suas presenças nesta Casa meio que nos põem num compromisso, porque é como se um peso ficasse em cima de nós a nos cobrar mais e mais pelo Legislativo, porque se espelhar nestas pessoas é realmente um fator gerador de grande responsabilidade para o futuro.

Por isso recebam o meu fraternal abraço, minha bancada, o Partido Democrata Social e o desejo de que possa vê-los em tantos outros aniversários, que, se Deus quiser, Sr. Presidente, esta Casa haverá de comemorar, que ela haverá de continuar lutando por esse regime que lhe permite ter hoje nove partidos, nove bancadas, aqui, a expressar livremente seus pontos de vistas, suas questões, e o que pensam da nossa realidade social. Muito obrigado. (Palmas.)

      

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra, o Ver. Jorge Goularte, que falará em nome do PL.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Brochado da Rocha, Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares, ex-Presidentes desta Casa; Srs. Vereadores; Srs. Funcionários da Casa, sem os quais ela não chegaria a esses 215 anos, minhas senhoras, meus senhores.

Uma saudação muito especial a esses notáveis homens públicos ex- Presidentes desta Casa:

Ver. Valdir Fraga; Renato de Souza; Meu querido amigo e amigo comum de um grande irmão nosso, que partiu para a estância grande do céu, Major Mário Bernd, nosso amigo comum; Dr. Alberto André; Adaury Pinto Filippi; Sereno Chaise; querido amigo; Ephraim Pinheiro Cabral, presidente do meu clube, conselheiro; Dr. Célio Marques Fernandes, pessoa muito querida desta Cidade; Cleom Guatimozim, meu presidente por muitos anos; André Forster, notável ex- Presidente desta Casa.

Uma saudação muito especial àqueles que já partiram e que foram também ex-Presidentes, com os quais eu já convivi: Aloísio Filho, Pessoa de Brum, e um que aqui não está mas que foi ex-Presidente, José César de Mesquita.

Já estou nesta Casa há alguns anos, conheci, tive Presidente, como Aloísio Filho, Pessoa de Brum, como já frisei, César de Mesquita, Cleom Guatimozim, Valdir Fraga, André Forster, Brochado da Rocha. Com todos tivemos uma convivência muito fraterna. Porque é preciso que a população saiba que no terreno das idéias, especialmente, este Vereador que é tido como polêmico, brigamos, e aqui na defesa das minhas idéias, eu dou cotoveladas neles, chuto as canelas. Se o juiz não vê, eu puxo os cabelos, mas quando termina a Sessão, eu mesmo passo Gelol, eu mesmo faço a massagem, eu mesmo me desculpo pelo ato praticado. É como no futebol, eu quero ganhar, eu luto para vencer, eu suo a camiseta, coisa que não está se fazendo muito no nosso clube; atualmente, meu querido Pinheiro.

Mas, tivemos e eu tenho consciência disso, ao longo de tanto tempo já enfrentamos situações difíceis nesta Casa, do maior significado, entre as quais eu destaco: o voto que dei pela volta do “quorum” qualificado da Casa; a volta do Glênio Peres, que Deus o tenha em bom lugar, um homem brilhante, tribuna das melhores qualidades e Marcos Klasmann. Lembra o Cleom, que além de dar o voto solidário para o retorno dos dois Vereadores, para o lugar que era seu, ainda fiquei para dar “quorum”, apesar das ameaças que eram grandes lá fora. Aliás, grandes mesmo, tinham alguns urutus e cascavéis nos mandando sair, mas nós ficamos. Não éramos muitos, mas deu para fazer a Sessão e reintegrar os dois Vereadores, apesar das divergências enormes que eu tive com Glênio Peres. Isto é salutar se dizer e aproveito esta oportunidade para me manifestar de público aos meus colegas, pois não sei se aqui retornarei na próxima Legislatura, acho até difícil, mas, se não o fizer, ficou um convívio da melhor das qualidades. Como poderia esquecer um Cleom Guatimozim que me fez retornar algumas vezes de viagem para votar nele, porque eu tinha dado minha palavra? Vim até de mala uma vez para o Plenário. Como poderia esquecer o Valdir Fraga que foi um amigo muito carinhoso? Quando fui operar minha senhora no exterior, ele ficou aqui na retaguarda me dando cobertura necessária. Os meus pares que tanto me auxiliaram naquela oportunidade. Como poderia esquecer a Jussara, com quem tenho até divergências? O Antonio Hohlfeldt, o André, Valneri Antunes, que Deus o tenha, um grande Vereador que também nos deixou, me amparando pelo discurso das diretas, porque eu lá estava solitário mais uma vez, tentando dizer que eu também era povo e que se o povo queria as eleições eu também as queria. Eu tinha esse direito. Fui recebido numa vaia ensurdecedora por pertencer ao PDS e eu, com tranqüilidade disse: “Quem me conhece, não me vaia; quem conhece as minhas posições, me respeita”. Eu tenho esse direito. Pois lá estavam os meus pares: o Adão, enfim os colegas da Casa me dando cobertura para que eu tivesse direito de falar. É bonita a convivência desta Casa e, quando se agride um Vereador aqui injustamente, se agride a Casa como um todo. Nós podemos divergir, mas somos solidários e saudosos de companheiros nossos que já partiram para a estância grande do céu. O Aloísio Filho, Pessoa de Brum, João Satte, Wilton Araújo, Glênio Peres, Rubens Alcântara, Antônio Cândido, Valneri Antunes, Pozzolo de Oliveira com os quais convivi neste período. Por isso é extremamente válida a presença dos ex-Presidentes desta Casa e cumprimento a Presidência.

Cada um de nós tem dado tudo o que pode pelo bem desta Cidade. E eu diria uma coisa, quando ouço alguém dizer que não acredita em políticos, não acredito no que eles fazem, eu gostaria que perguntassem qual é o motivo porque não acredita. E, vão, talvez, ouvir, infelizmente, esta frase: “Ele não arrumou um emprego para o meu filho.” Como se este fosse o principal motivo de um Vereador trabalhar ou de um político trabalhar. Se leva para o lado pessoal o que o todo deve ser analisado, a cidade nas suas dificuldades na procura das soluções. Erramos? Sim, erramos. Talvez muito, mas acertamos também. E todos nós, como disse o Ver. Hermes Dutra muito bem, aqui, desta Casa, sai o que nós achamos que é certo. E, quando se vota, a decisão é de todos nós.

Eu fico muito feliz de vê-los aqui. Cumprimentos os meus Pares. Vou continuar chutando a canela, mas vou passar Gelol, ali fora, e eu mesmo faço a massagem. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães, que falará em nome do PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; meu caro Prefeito Alceu Collares, caríssimos ex-Presidentes, Valdir Fraga, Renato Souza, Alberto André, Adaury Pinto Filippi, Sereno Chaise, Ephraim Pinheiro Cabral, Célio Marques, Cleom Guatimozim, André Forster; invoco e trago ao pensamento dos ausentes a figura imparcial, histórica, de Aloísio Filho, que dá nome a esta Casa, a esta Câmara Municipal de Porto Alegre. Srs. Vereadores, funcionários e pessoas que aqui acompanham este ato solene que marca a criação de uma instituição que varou dois séculos, uma década e um lustro, instituição como os tempos que já se perdem na história, instituição como aqueles tempos em que se velava o fogo sagrado por gerações milenares, aqui se guarda, aqui se mantém o fogo sagrado da liberdade, o fogo sagrado da democracia, da fraternidade. Enquanto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tivermos parlamentos, enquanto as Câmaras Municipais funcionarem, uma segurança nós temos, a liberdade, a democracia e a fraternidade estarão entre nós. E este poder é tão importante e tão significativo que agasalha até mesmo aqueles que o negam, tal a sua dimensão e significação. São os parlamentos, são as Câmaras Municipais, ao longo da história, aquelas instituições que, trazidas pela representatividade, têm as suas origens na melhor forma que o homem já encontrou para criar as suas instituições, que é a manifestação direta e secreta do voto popular. E já se disse aqui: não se inventou forma melhor do que o voto para se estruturar as instituições. Portanto, meu caro Prefeito Alceu Collares, ex-Prefeitos aqui presentes, ex-Presidentes, este é um momento muito significativo. É o momento em que nós, decorridos 215 anos da criação da Câmara Municipal de Porto Alegre, estamos aqui reafirmando os princípios basilares da instituição que tem na manifestação popular, exatamente, a sua pedra angular, o seu alicerce fundamental. Então, é preciso, Srs. Vereadores, que nós assumamos nesta tribuna, perante o altar da própria instituição, um compromisso muito franco e muito leal com a própria instituição, com a manutenção da mesma, não só na sua forma, mas, basicamente, no seu conteúdo e nos seus propósitos – a liberdade, a democracia. É uma Casa, Sr., Presidente e Srs. Vereadores, que é estuário onde se expressa o contraditório. E esta Casa, ao longo dos anos e ao longo dos tempos, e pela sua postura institucional, divide com o Executivo o encaminhamento administrativo e político da municipalidade. E é nesta Casa que a administração magnífica do Prefeito Alceu Collares tem encontrado o necessário respaldo para fazer um belo trabalho neta Cidade. E foi nesta Casa, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que a administrações passadas encontraram o necessário respaldo e o necessário alicerce para administrar esta Cidade. Esta Cidade não é tão ruim assim, Sr. Presidente e Ss. Vereadores. Esta Cidade tem problemas? Tem, e muitos, mas também tem muitas realizações, e estão aqui, presentes, homens que fizeram grandes realizações nesta Cidade. Então é preciso que a gente olhe, o horizonte, com alguma humildade, que olhemos com os olhos generosos, porque, só assim, nós faremos desta Cidade, e deste município, para a sua população, um local com melhores dias, e melhores condições. Portanto, é uma data muito significativa para liberdade, a liberdade com um todo, a liberdade que deve estar viva nos quatro cantos do mundo. É uma data importante e significativa para a democracia, pois não há democracia sem parlamento. E se nós, efetivamente, defendemos a democracia, temos o compromisso com o Parlamento, e com a instituição a que pertencemos, no caso, a Câmara Municipal. Então, é uma data altamente significativa pelo que a Casa representa, não só no processo de sentinela, e de defesa das instituições, mas também por ser um instrumento que, na filosofia de Montesquieu, compete, na área Municipal, co-administrar o Município de Porto Alegre. Nas realizações que se faz, nas obras que se realiza tem a Câmara uma participação significativa no encaminhamento e na solução de seus problemas. Portanto, volto, reitero, e me torno repetitivo, estamos aqui homenageando uma Instituição que varou os anos, que varou os tempos, e haverá de continuar, para o futuro, sendo, a todo momento, aperfeiçoada, sendo, a todo momento, pela atuação dos seus, pela dignidade dos seus, haverá de ser, ao longo dos anos a guardiã permanente da liberdade e da democracia. Aos ex-Presidentes, aqueles que por períodos administraram esta Casa, fica aqui a homenagem, a saudação, do Partido Democrático Trabalhista e a nossa saudação, finalizando, para dizer e para repetir que o povo sem parlamento é povo escravo, que só a democracia, que só a liberdade, afirmadas com sinceridade será capaz de fazer a redenção econômica, a redenção social e a redenção basicamente da liberdade do homem.

Portanto, fica aqui a nossa manifestação, a manifestação do Partido Democrático Trabalhista, quando a Câmara Municipal de Porto Alegre completa os seus 215 anos de fecunda existência no encaminhamento e no desenvolvimento do processo político, democrático, do nosso Estado, do nosso País. Sou grato.     

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: O Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Brochado da Rocha, passará agora às mãos dos ex-Presidentes da Câmara Municipal de Porto Alegre uma homenagem àqueles que nos longos dos anos têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida da comunidade porto-alegrense. O cartão tem os seguintes dizeres: Lê: “Ao completar 215 anos como Poder Legislativo, a Câmara Municipal de Porto Alegre presta a sua homenagem ao Vereador que a presidiu, contribuindo para o fortalecimento de sua autonomia na condução dos ideais democráticos.

                                                           Porto Alegre, 06 de setembro de 1988.

                                                                  Ver. Brochado da Rocha,

                                                                            Presidente.”

 

Chamamos o Ver. André Forster que assumiu a Presidência em 1984, para receber das mãos do Sr. Presidente o cartão comemorativo. (O Sr. André Forster recebe o cartão.) (Palmas.)

Chamamos o Ver. Valdir Fraga que assumiu a Presidência em 1983. (O Sr. Valdir Fraga recebe o cartão.) (Palmas.)

O Ver. Cleom Guatimozim que assumiu a Presidência em 1978. (O Sr. Cleom Guatimozim recebe a homenagem.) (Palmas.)

Ex-Vereador Renato Souza, que assumiu a Presidência em 1965. (recebe a placa.) Ex-Vereador Célio Marques Fernandes, que assumiu a Presidência em 1964. (recebe a placa.) Ex-Vereador Ephraim Pinheiro Cabral, que assumiu a Presidência em 1959. (recebe a placa.) Ex-Vereador Alberto André, que assumiu a Presidência em 1962. (recebe a placa.) Vereador Adaury Pinto Filippi, que assumiu a Presidência em 1957. (recebe a placa.) Ex-Vereador Sereno Chaise, que assumiu a Presidência em 1955. (recebe a placa.) (Palmas.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra, em nome dos homenageados, o Ver. Adaury Pinto Filippi.

 

O SR. ADAURY PINTO FILIPPI: Exmo. Sr. Ver. Brochado da Rocha, digníssimo Presidente desta Casa; Exmo. Sr. Prefeito Municipal, Dr. Alceu Collares; demais integrantes da Mesa, já reiteradamente nomeados; Srs. Funcionários desta Casa; Srs. Vereadores; Srs. Convidados; meus prezados e ilustres colegas ex-Presidentes deste Legislativo Municipal. Asseverou alguém, com muita propriedade, a nosso juízo, que muita vez mais pode a circunstância do que o merecimento. Certamente, alguma circunstância recuada no tempo, a qual não vislumbro com nitidez, por isto não lhe atribuo contornos, tenha sido, possivelmente, o motivo impelante a que fosse eu o intérprete, em termos de agradecimento aos ex-Presidentes desta Casa, ora e aqui homenageados. Mas recebido o mandato, diligencio para logo e bem cumpri-lo. Assim, começo pela repetência de conceitos que há pouco emiti pelas ondas de uma rádio local, em afirmando, e na qualidade de ex-Presidente, de logo recaía sobre mim a suspeição de elogiar, de considerar, de aplaudir esta homenagem, que ora se presta aos ex-Presidentes. Todavia, Sr. Presidente, a alta compreensão de V.Exa., dos demais presentes, hão de entender que esta homenagem nós não a recebemos na área estrita do egoísmo, e muito menos nos limites tacanhos do egoísmo – antes, nós queremos que ela tenha um espectro maior, que a sua abrangência se espraia com a finalidade precípua, e que aqui já me antecipo ao agradecimento a V.Exa. ao realizar esta homenagem aos ex-Presidentes. Que esta homenagem transponha os umbrais desta Casa e vá dizer aos cidadãos de Porto Alegre, que homens como estes ex-Presidentes que aí estão assentados foram conduzidos ao posto maior desta Casa e que bem souberam servi-la na difícil e árdua missão de tratar no dia-a-dia os problemas administrativos com os problemas e na condução de cada um de todo o corpo de Vereadores. Certamente, Sr. Presidente, esta Casa como entidade é um ente abstrato; ela vale pelos homens que a integram. E se são homens, certamente são contingentes infalíveis; erros os há certamente. Mas ela vem cumprindo o seu papel e o nosso desejo é que esses erros desapareçam e que ela se aprimore cada vez mais. Lícito não seria a mim fazer críticas a esta Casa, até porque polido não seria; eticamente não e até certamente ensejaria uma falha de educação. Mas me parece que todos aceitarão que emita alguns conceitos no sentido de um desejo, de um desejo que quero seja coletivo nesta visualização de aprimoramento. Oxalá, Sr. Presidente, que a democracia, parafraseando Aristóteles, quando mandou esculpir no frontespício da Academia: “quem não for democrata que aqui não entre”. Que o não democrata, Sr. Presidente, não transponha as portas deste Plenário. Um dos erros, a nosso juízo – é uma opinião pessoalíssima – é preciso que compreendamos que a cidade está acima dos nossos Partidos e do nosso pensamento pessoal, às vezes, não neguemos, como interesse político. Por isso, oxalá, desapareça o vezo da oposição sistemática, assim como do apoio inconstitucional. A Cidade está acima disso. Oxalá esta Casa no sentido, na ambição, no desejo, no anelo, de melhor se estruturar, de melhor cumprir o seu papel, bem compreenda este desejo que modesto e humildemente ora aceno. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vejo a figura de um Renato Souza, de atuação marcada e marcante nesta Casa, por vezes, ainda, com a responsabilidade de dirigir o Executivo Municipal. Na vida privada, dirigindo o glorioso Grêmio Porto-alegrense. Homem que pertenceu à estirpe intelectual do organismo policial, com tantos e tão valiosos serviços prestados a esta Cidade, onde atuou sempre com responsabilidade de bem realizar, de bem concretizar o seu dever. Olho o Sereno Chaise, Vereador desta Casa e Prefeito desta Capital, como S.Exa. o Sr. Prefeito, que daqui saiu também, ensaiando os primeiros passos políticos no âmbito deste Plenário. Vejo o Ephraim Pinheiro Cabral, também conduzindo esta Casa e prestando aqueles serviços que não só a Cidade como o Estado todo reconhece, à testa do glorioso Esporte Internacional. Vejo o Célio Marques Fernandes que também saindo daqui assumiu a Prefeitura e, também como Renato Souza, pertencendo à estirpe intelectual do organismo policial e que após, ainda, servindo no Tribunal Militar do Estado está, neste momento, conosco e com orgulho reconhecemos seus méritos. Vejo o Valdir Fraga, vejo o Cleom Guatimozim e vejo o André Forster. André Forster, já licenciado desta Casa, com a missão de dirigir a METROPLAN. Valdir e Guatimozim ainda estão aqui, ainda estão jogando no time, por isso, lhes reconheço o valor e elogio. Não digo mais porque certamente como ainda estão em exercício vão ter que esperar um pouco, porque a história da Cidade há de lhes reconhecer o valor. Deixei propositadamente para o final para nominar essa figura extraordinária de Alberto André. Falando-se na Cidade de Porto Alegre, jamais se pode deixar de falar em Alberto André, um homem querido na Cidade e que tanto quer esta Cidade. Sr. Presidente, não tenho procuração dos meus pares mas, certamente, se esta homenagem visasse única  e exclusivamente a pessoa de Alberto André, nós não só concordaríamos como aplaudiríamos. (Palmas.) Essa figura extraordinária no manejar da pena, através das páginas dos periódicos, e brilhante, sensata e equilibrada, quando erguia sua voz desta tribuna. Caríssimo Alberto André, tenho certeza de que todos os ex-Presidentes neste momento vêem em ti o que gostariam de ser.

Sr. Presidente, para não me alongar e ainda no sentido de um desejo, no sentido de chegarmos à concretização de um desiderato o que lhes posso dizer senão isso: no amanhã, quando a alva não houver luzido no horizonte e esta ânfora celeste de borco sobre a terra derramar no espaço os vapores ainda opalescentes da noite, cedo, muito cedo, Sr. Presidente, faça outras homenagens como esta, não para mim ou para ele, mas para todos, para relembrar aqueles que nos acompanharam e homenagear os próceres que virão.

Portanto, Sr. Presidente, rogamos modestamente a nossa gratidão pela lembrança desta homenagem. Muito obrigado.     

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para uso da palavra a Verª. Gladis Mantelli, Primeira Secretária da Câmara Municipal de Porto Alegre.

 

 A SRA. GLADIS MANTELLI: Exmo. Sr. Ver. Brochado da Rocha, mui digno Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Exmo. Sr. Dr. Alceu Collares, nossos caros ex-Presidentes Sereno Chaise; Adaury Pinto Filippi; Ephraim Pinheiro Cabral; Alberto André; Célio Marques Fernandes; Renato Souza; Cleom Guatimozim; Valdir Fraga; André Forster; meu caro Professor Felizardo; meu caro Renato Darigo, que nos prestigiam com a sua presença nesta solenidade.

Nesta oportunidade em que o Legislativo Municipal comemora os seus 215 anos de atividades representativas dos interesses da comunidade, neste caso, da comunidade porto-alegrense e após tão significativas manifestações das Lideranças das Bancadas com assento nesta Casa e da brilhante oratória do Ver. Adaury Pinto de Filippi, gostaríamos de nos deter em um outro lado dos nossos objetivos, os de incentivos da vida cultural e estímulo e revelação de novos valores e o estamos fazendo nesta oportunidade, com grande satisfação, através da reabertura do Salão de Artes da Câmara Municipal que foi desativado desde 1960. Esta Sessão também tem por finalidade realizar o lançamento do 8º Salão de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Porto Alegre, que realizará a sua exposição pública de 25 de setembro a 23 de outubro deste ano. Este Salão de Artes foi criado, originalmente, em 1953, pelo então Vereador Josué Guimarães. E a sua última edição foi realizada em 1960.

Estamos reativando, e neste desempenho de reativação deste Salão, contamos não só com a boa vontade de todos os Vereadores desta Casa, como também do Sr. Prefeito Municipal. Não fosse o interesse, também demonstrado pelo Sr. Prefeito, esta Instituição, também, não poderia trazer a público o outro papel que ela desempenha junto à sua coletividade.

Agradecemos de público, neste momento, Sr. Prefeito, o seu interesse e o seu empenho para que a Câmara Municipal possa realizar o seu 8º Salão de Artes da Câmara Municipal.

Infelizmente o mesmo não será realizado aqui. Não poderemos colocar em exposição os quadros neste 8º Salão, na Câmara Municipal de Porto Alegre, na sua sede, porque todos sabem as condições da nossa sede, estamos em obras. Não temos espaço físico necessário para o mesmo. Mas, como este nosso salão, daqui para a frente, temos a certeza, não importa quem venha a ocupar esta Casa, que Vereadores venham a ser eleitos, temos certeza que o mesmo será reeditado a cada dois anos, e desejamos, e aqui na parte do sonho, Ver. Adaury, que daqui há dois anos, realmente, possa ser realizada a sua abertura no dia 6 de setembro, aqui nesta Instituição, se Deus quiser, lá do outro lado, que é o lado reservado para estas atividades que a Câmara pretende realizar como norma e como papel.

Este Salão, neste ano, será organizado pela Associação Francisco Lisboa, que também comemora ou pelo menos está fazendo uma data significativa que são 50 anos de existência. E ela é portadora de uma tradição de trabalho, de dedicação, qualidade e empenho de seus dirigentes. O que faz uma entidade respeitada, e que colabora de forma inestimável para a vida cultural de nossa Cidade. Então acreditamos que, com isso, estamos oportunizando um novo espaço às artes de Porto Alegre. E conclamamos a comunidade, para que participem dessa promoção, que em primeira e última análise, se volta a ela própria, na tentativa incansável que esta Casa faz de propiciar, cada vez mais, a integração dos diversos segmentos da sociedade. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. BRITO DE ALMEIDA: Com a palavra, o Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Brochado da Rocha, para o encerramento da Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Em primeiro lugar, gostaria de lamentar que no dia de hoje não pudéssemos ouvir a palavra de V.Exa. Sr. Prefeito Municipal, que além da sua presença que honra esta Casa, é aniversariante no dia de hoje. É que S.Exa., como Vereador desta Casa, em duas legislaturas, engrandeceu esta Casa e tem profundo amor por ela. Por outro lado, proporcionou-nos a possibilidade de nos instalarmos, definitivamente, em nosso prédio. Creio que sua administração, Sr. Prefeito, poderá ser objeto de vários exames, mas um fato é inquestionável, ela trouxe a Casa Legislativa ao seu lugar. Nós dessa legislatura, depondo agora perante os Srs. Ex-Presidentes, podemos dizer que trabalhamos muito. É difícil uma mudança, até porque as tradições que os Senhores deixaram naquele prédio eram muito grandes; nós arcamos com esse ônus e, o Prefeito Collares conseguiu corajosamente fazer esse empreendimento.

De maneira que, nesse transcurso de aniversário da Câmara, fundamentalmente queremos deixar, em nome da Câmara de Vereadores o nosso profundo agradecimento por este ato do Sr. Prefeito que, talvez, respondendo a sua singular condição de primeiro Prefeito eleito depois de uma ditadura longa neste País, resolveu dar destaque ao Legislativo, materializando nesta obra. Era o que me cumpria inicialmente dizer. Em segundo lugar, me cumpre, com grande satisfação, agradecer a presença dos senhores que, antes de qualquer coisa, são pessoas da nossa fraternidade, do nosso convívio diário, de vez que passamos pelos senhores todos os dias, no nosso Salão Nobre, nos encontramos diariamente e muitas vezes conversamos com os senhores e ficamos a nos questionar o que fariam os senhores em determinados momentos. Agradecer as suas presenças e sobretudo simbolizar neste Ato o nosso profundo desejo de trazer a este País memória, de vez que é um País que prima em não ter memória. E de não termos, sobretudo, um agradecimento profundo com aqueles que já muito fizeram por uma instituição, por uma cidade e pela vida pública de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do Brasil. Quero simbolizar este gesto com um gesto do nosso profundo desejo de fazer com que o povo da nossa cidade, do nosso Estado e do nosso País tenha memória. O gesto nosso significa a nossa devoção para com a história. Por último quero deixar em aberto que estamos restaurando algumas leis, como a que a Secretária da Casa, Verª. Gladis Mantelli, leu, oriunda da segunda Legislatura. Estamos fazendo um trabalho progressivo de restauração daquelas coisas que os senhores fizeram e que a Democracia permitia e que foram abafadas por tanto tempo. De outra forma, quero cumprir em nome dos meus colegas, a ocasião de agradecer aos funcionários da Casa, que hoje militam na Casa, assim como os funcionários que já passaram por esta Casa, o nosso respeito, a nossa gratidão e, sobretudo, a nossa convicção de que trabalhamos de uma forma harmônica e somos uma Casa política, por isso os entendimentos ficam mais fáceis e, sobretudo, dizer que nós amparamos, muitas vezes, os nossos sonhos políticos nas limitações de rotina do dia-a-dia. Somos gratos aos funcionários desta Casa e, por último, renovamos o nosso profundo amor por esta Cidade, porque esta é a causa de todo o nosso trabalho. Muito obrigado.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h40min.)

 

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